Crédito no Brasil: 4 engrenagens que empobrecem famílias e fortalecem os bancos
- pixealagencia
- há 12 minutos
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Análise aponta que o sistema de financiamento transforma renda popular em lucro financeiro — com risco para o trabalhador e para quem busca crédito

Um recente artigo assinado pelo Contraf‑CUT denuncia como o crédito, tradicionalmente apresentado como instrumento de inclusão financeira, tornou‑se para muitos no Brasil uma armadilha de endividamento e empobrecimento. Segundo a matéria, existem quatro mecanismos centrais — ou “engrenagens” — que fazem do crédito no país um agente de desigualdade, e não de desenvolvimento.
🔧 As quatro engrenagens que distorcem o crédito
Poupança regressiva — O dinheiro da maioria da população fica depositado em contas de poupança, que rendem muito pouco. Esse recurso de baixa remuneração é usado pelos bancos para conceder empréstimos e financiamentos a juros altíssimos, o que gera grande discrepância entre o custo do crédito para o trabalhador e o lucro gerado para o sistema financeiro.
“Selic paradoxal” — A política monetária de juros altos — com altas taxas de juros básicos — fortalece o rentismo financeiro, beneficiando bancos e investidores, mas penaliza diretamente quem precisa de crédito, elevando os custos de empréstimos, financiamento e carteiras de crédito.
Uso de benefícios sociais como “colateral” — Em muitos casos, o que deveria garantir a subsistência da população vulnerável — como benefícios sociais ou seguridade social — é transformado em garantia para empréstimos consignados ou crédito bancário. Isso expõe trabalhadores fragilizados a endividamento, perda de renda e vulnerabilidade.
Juros que drenam a renda — As linhas de crédito disponíveis (cartão, financiamento, cheque especial, empréstimos pessoais) frequentemente cobram juros abusivos e taxas elevadas, tornando o crédito uma forma de transferir renda da base da pirâmide social para o topo — em especial para os bancos — ao invés de promover inclusão ou alívio econômico.
💡 Consequências para trabalhadores e população
Em vez de oferecer oportunidade de consumo ou investimento, o crédito passa a ser causa de endividamento crônico, comprometendo parte significativa da renda familiar com parcelas, juros e encargos.
A ilusão da “inclusão” por meio de cartões de crédito e empréstimos fáceis mascara a realidade de que o crédito elevado e desemprego persistente podem empurrar famílias para ciclos de inadimplência e pobreza.
A estrutura financeira privilegia os interesses do mercado e dos bancos — não da população — consolidando desigualdades e precarização econômica.
🛑 Reflexão política: crédito para quem?
A Contraf‑CUT alerta que o debate sobre crédito não pode ser apenas técnico: ele é profundamente político. O que está em jogo não é somente a oferta de crédito, mas quem se beneficia desse sistema. Segundo a análise:
“O crédito existe para desenvolver o país ou para remunerar o mercado?”
Para que o crédito cumpra seu papel social — de estimular o consumo de forma digna, financiar educação, moradia, saúde sem risco de endividamento — é preciso reverter esse modelo. Mas, para isso, é essencial:
reduzir juros abusivos e spread bancário;
garantir que crédito e poupança não sejam usados como mecanismo de exploração;
favorecer políticas públicas que promovam crédito justo, com condições reais de pagamento e proteção ao consumidor;
fortalecer a regulação financeira para priorizar a dignidade do trabalhador.





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